Sonhos comuns — Ana Rita Teodoro

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  • Estúdios Victor Córdon
  • 07 outubro 2024 15 outubro 2024

  • Residências Artísticas 2024
  • Info
Em "Sonhos comuns", Ana Rita Teodoro, artista em residência nos EVC, explora o sonho e testa a relação entre a dança e as palavras.

«Sonhos Comuns é uma peça interdisciplinar que resulta de uma reflexão sobre o sonho. O sonho, essa matéria tão singular para cada pessoa, mas tão enigmática para ela mesma. Interessou-me pensar se existem sonhos recorrentes para um grande número de pessoas. Quem nunca sonhou com uma queda no vazio? Quem nunca sonhou que voava? Quem nunca sonhou com uma perseguição? Lembras-te dos teus sonhos? Já te soubeste dentro do sonho que estavas a sonhar? Será que o sonho pode resolver problemas? Podemos, no sonho, comunicar com animais ou com os nossos antepassados? Será que o sonho pode antecipar o futuro? Será que podemos sonhar o mesmo sonho?

Numa primeira intuição, a peça Sonhos Comuns é um espetáculo sensorial, com composições e ambiente sonoro de João Polido, o trio vocal Guarda-Rios (composto por João Neves, Mariana Camacho e Susana Nunes) e duas bailarinas (eu mesma, Ana Rita Teodoro, e Joana Gomes). As duas bailarinas são acompanhadas por um grupo de dez bailarinos (profissionais e amadores) que produzem formas circulares e serpentinas, numa coreografia espacial. As duas bailarinas terão a função de se destacar da coreografia “serpentina” para desenvolverem danças singulares, cheias de detalhes. O trio vocal e o ambiente sonoro sustentam uma trama imagética que faz convergir as danças e a coreografia para um mesmo sentido, que é poético, não-linear e que tem como base elementos do sonho que são, talvez, comuns a um grande número de pessoas.

O projeto Sonhos Comuns articula-se com um interesse em traduzir a dança em palavras e em encontrar formas de comunicar uma dança ou de compor uma dança através de palavras. Este interesse levou-me ao trabalho de audiodescrição em dança (AD). Esta peça procura ser inclusiva para um público cego ou com baixa visão — não pela descrição oral dos eventos a posteriori, como o propõe a AD, mas pensada como um espetáculo que é em si acessível logo desde a sua conceção. A bailarina cega Joana Gomes contribuirá, pela sua condição, para este objetivo.

Pensando que a descrição de uma dança tem algo de semelhante à de um sonho, uma vez que ambos envolvem imagens mentais e sensoriais difíceis de traduzir em palavras, propõe-se tirar o visual da hierarquia dos sentidos, o visual como prova do real, e criar uma trama poética e sensorial, acessível e concreta no imaginário do sonho, com o qual cada um se poderá identificar.»

— Ana Rita Teodoro

Fotografia

© José Carlos Duarte

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