A pesquisa histórica que Shlomo Sand apresenta vem refutar a ideia de que a «Terra de Israel» constitui a origem, o centro ou horizonte da existência judaica. Pelo contrário, durante milénios, as grandes figuras do judaísmo encararam Jerusalém como o metafísico lugar da redenção messiânica, não um destino terrestre. Assim, no final do século XVIII habitavam na Palestina menos de 5000 judeus entre 250.000 muçulmanos e cristãos. Mas, em 1881, têm início os grandes pogroms na Europa oriental, e até 1918, 2,5 milhões de judeus tiveram que abandonar o Império Russo, rumando à Europa central, ocidental e EUA, dando um fundamental impulso aos sionismos alemão e britânico. Foram os terríveis golpes que se abateram sobre os judeus durante a Segunda Grande Guerra, o encerramento das fronteiras a Ocidente e, sobretudo, o projecto fundamental do sionismo que acabaram por impulsionar a colonização judaica da Palestina e a criação do Estado de Israel.
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SHLOMO SAND
S. SAND (n.1946) é historiador e Professor Emérito da Universidade de Telavive, onde lecionou História Contemporânea. Filho de pais polacos, de cultura iídiche e sobreviventes do Holocausto, passou os dois primeiros anos de vida num «campo para pessoas deslocadas» antes da família emigrar para Israel, onde efetuou o serviço militar obrigatório e combateu na Guerra dos Seis Dias (1967), experiência de que dá conta neste livro. Doutorou-se em 1982 pela École des hautes études en sciences sociales, em Paris. A sua investigação tem incidido sobre a história cultural moderna, o movimento sionista e a construção de Israel. A sua investigação tem incidido sobre a história cultural moderna, o movimento sionista e a construção de Israel. Com tradução em mais de 30 países, Como o Povo Judeu foi Inventado (2008), Como a «Terra de Israel» foi inventada (2012) e Como Deixei de ser Judeu (2013) propiciam-lhe projeção mundial. É ainda autor de Le XXe siècle à l’écran (2004), dedicado ao cinema. Mais recentemente publicou Como uma Raça foi Inventada (2020), descrevendo o processo de racialização dos judeus, decorrendo entre a Europa judeófoba e o Israel nacionalista, denunciando em ambos os casos a fobia em relação ao «outro», que já foi judeu e com inquietante frequência tende agora a ser árabe.
Shlomo Sand encara Israel como fait accompli, mas reclama a transformação do Estado judaico num Estado de todos os seus cidadãos, independentemente das etnias ou religiões.