S. SAND (n.1946) é historiador e Professor Emérito da Universidade de Telavive, onde lecionou História Contemporânea. Filho de pais polacos, de cultura iídiche e sobreviventes do Holocausto, nasceu e passou os dois primeiros anos de vida num «campo para pessoas deslocadas» antes da família emigrar para Israel, onde efetuou o serviço militar obrigatório e combateu na Guerra dos Seis Dias (1967). Doutorou-se em 1982 pela École des hautes études en sciences sociales, em Paris. A sua investigação tem incidido sobre a história cultural moderna, o movimento sionista e a construção de Israel. Com tradução em mais de 30 países, Como o Povo Judeu foi Inventado (2008), Como a «Terra de Israel» foi Inventada (KKYM+P.OR.K, 2021) e Como Deixei de ser Judeu (2013) propiciam-lhe projeção mundial. É ainda autor de Le XXe siècle à l'écran (2002), dedicado ao cinema.
Shlomo Sand encara Israel como fait accompli, mas reclama a transformação do Estado judaico num Estado de todos os seus cidadãos, independentemente das etnias ou religiões.
O livro na base desta conferência - Como uma Raça foi Imaginada - remonta às bases da judeofobia ocidental e desafia a ideia segundo a qual o cristianismo se teria edificado após e em oposição ao judaísmo. Bem pelo contrário, considera que o judaísmo se formou sob pressão do cristianismo, adaptando-se aos termos do processo que ao longo dos séculos foi movido pelos seus inimigos. O livro torna assim caduca a equívoca querela que assimila antissionismo e antissemitismo, alimentando o centro de certos debates contemporâneos. Até que ponto o sionismo, que emergiu como uma resposta de emergência à moderna judeofobia, se tornou no seu espelho? E, até que ponto herdou os fundamentos ideológicos que desde sempre caracterizaram a perseguição dos judeus?