O Ser Inumano é uma performance para dois corpos, dois animais e dois pedaços de carne, onde se trabalha a morte do Sol como ideia de livro de memórias sobre a humanidade e dos seus erros ou fatalidades.
A morte, se bem que limite, é por excelência aquilo que se oculta e se adia e por isso ocupa tantas vezes o pensamento, esta morte que afinal é ́ a vida do espírito. Mas a morte do Sol, implica a morte do espírito, pois é a morte da morte como vida do espírito. Nada há a substituir nem a diferenciar se nada sobreviver. (Jean-François Lyotard, 1991)
O Ser Inumano é um espaço de desmaterialização infinita do nosso interior e do nosso pensamento, lugar onde se desconstroem ideias e se constroem conceitos à volta da morte física/vida do espírito e morte do espírito/morte da memória e do eco e da desmaterialização do corpo e do pensamento, criando assim a matéria inumana.
O corpo humano é um corpo de luz que carrega o universo consigo e está constantemente numa procura interna pela memória e pelos acidentes/acasos que criam um cordão umbilical emocional e familiar entre dois ou mais corpos. Cria-se o imaginário da passagem de tempo e de como o corpo se transforma em paisagem imaterial e reclama o tempo que nunca foi dele, através do cansaço.
A performance cria um portal do mundo das formas (realidade) para o mundo Imaterial - um mundo transcendente que deixa em aberto um lugar livre de tudo o que a sociedade nos instala sobre como se deve viver e como se deve morrer, um porto de abrigo empático e solidário para qualquer espécie - um lugar onírico e distópico, que no fim procura dilatar o tempo numa forma de nos obrigar a observar a sentir.
Equipa técnica