As obras aqui apresentadas nasceram da vontade de imprimir e registar corpos em folhas ou telas; nasceram da vontade de ornamentar corpos mortos tal como se fazia, por exemplo, com as múmias no antigo Egipto. Alguns destes trabalhos foram apresentados em contexto escolar no ArCo, onde o autor frequenta atualmente o quinto ano, segundo ano enquanto aluno do Curso Avançado de Artes Visuais. Outros integraram o espetáculo Almada Negreiros, o bailarino, apresentado em outubro passado na Fundação Gulbenkian. A resposta ao desafio de apresentar algo neste espaço-templo do movimento recaiu precisamente nestes trabalhos, uma vez que a essência deste local remete o autor para o próprio ato de viver e de morrer, isto é, de dançar, de reinventar-se, de estar presente, de renascer. ― Luís Guerra
cérebro, olhos, mãos e papel
Que capacidade é essa do corpo que transporta o que observamos e o encerra numa folha de papel? Falo do corpo a transmutar-se em desenho, numa fusão intrincada entre olhos, mãos e papel. É como o desenvolvimento de um músculo mental que de forma misteriosa se prolonga pelo braço, chega à mão e percorre o papel. Transforma-se em movimento e dinâmica. Há pessoas das artes performativas que desenham mesmo antes de usarem o corpo como instrumento. Luís Guerra, João Galante e Elizabete Francisca são algumas dessas pessoas. Estas exposições revelam três formas diferentes de usar a musculatura mental, cada uma com a sua identidade e beleza. O desenho é um ato físico que requer tempo, memória, foco, prática, vontade, resistência e liberdade. É como dança. ― Carlota Lagido
INAUGURAÇÃO