Gaya de Medeiros, artista brasileira a residir em Portugal, usa a dança para transformar as suas inquietações em emoção, beleza e suor. A sua performance Atlas da Boca, co-criação com Ary Zara, foi considerada um dos melhores espetáculos de 2022. Convidada pela BoCA para se adentrar no universo de Pina Bausch, Gaya de Medeiros empenha-se na sua militância dos afetos para investigar neste novo projeto formas de esperança ou o esforço de esperançar. A partir do ambiente proposto no emblemático espetáculo Café Müller (1978) de Pina Bausch, que curiosamente se dançou pela última vez em Lisboa, e daquelas personagens que apresentam uma relação muito frágil com a vida, a coreógrafa e bailarina brasileira Gaya de Medeiros tece uma reflexão multigeracional sobre a depressão, o envelhecimento e o futuro.
Ao revisitar o clássico de Bausch, Gaya explora o paradoxo expressivo da dança enquanto ferramenta de comunicação e força misteriosa, opaca. Assim, ao percorrer aquele universo mórbido, angustiante e, por vezes, convulsivo, a performer convida o público a mergulhar nas suas pulsões de vida e morte, e a dessacralizar o ato de estar vivo – menos um dever do que uma escolha.
Esta partilha pública tem lugar no estúdio 1 dos Estúdios Victor Córdon, precisamente onde Pina Bausch ensaiou em 1998 a sua criação sobre Lisboa, Masurca Fogo.
Os Estúdios Victor Córdon desenvolvem uma parceria com o BoCA - Biennial of Contemporary Arts no âmbito do programa Em Trânsito.
Ficha artística