A Morfia é um projeto de dança que recorre a conceitos científicos para fundir arte com uma ficção onírica. Partindo da narrativa de uma criatura sem forma que se encontra num ambiente extremamente inóspito, pretende-se confrontar o real e o ficcional, colocando o presente diante duma aporia, quando pela plasticidade performática se especula sobre a evolução e transformação da matéria.
Um ser indefinido, extremófilo, que se adapta a vários ambientes extremos e cuja morfologia se transforma ao passar por cada um destes habitats, sofre mutações que permitem que sobreviva a cada um deles. Inspirámo-nos, assim, em desertos reais, como Danakil, na Etiópia, ou Vostok, na Antártida, onde podemos encontrar formas de vida - organismos extremófilos - a que esta nossa criatura se pode assemelhar, assim como morfologias que num ambiente mais afável podem permitir que a criatura se expanda e se torne mais vulnerável.
Pretende-se, com base na pesquisa e análise de determinados elementos naturais, construir uma especulação em torno de evoluções organicistas, numa alienação biológica de ecossistemas e criaturas, para se experimentar no corpo performático uma investigação em torno dos sistemas naturais e a sua transformação pós-humana. Apresentamos uma realidade distópica para provocar espaços de reflexão e diálogo sobre o impacto dos humanos nos ecossistemas.
Ficha técnica